Ela, uma rapariga simples tal como todas as outras à primeira vista, mas controversa vista pelo interior. E ele, um rapaz normal de uma família conservadora, só que com uma extrema sede de liberdade. Eram só eles os dois, ou talvez não. Parecidos e opostos, eram loucos um pelo o outro, mesmo contrariando. E tanto ele fugia que, acabava enrolado nos lençóis dela. "Ironia do destino", dizia ela sempre que sentia o corpo dele suado, após mais uma aventura de prazer. Ele tanto ia como voltava, e ela deixava-se enfeitiçar pelo perfume de outros na falta do dele.
Lá estava ela, mais uma vez, depois de tantos meses, a deixar-se levar pelo toque da sua sensualidade. Ele era encantador, aos olhos dela. E ela negava-o. Negava o acelerado batimento cardíaco em cada chamada dele. E durante tempos a fio, insistia em esconder, atrás de uma amizade, que tinha encontrado o homem que tanto idealizou. Vivia perante a sombra de um rei amado, desejando aquele seu príncipe negro. E assim vai continuar. Os seus encontros secretos e simultaneamente casuais vão continuar, enquanto esse desejo irredutível permanecer acima de tudo. Porque mesmo de mãos dadas à pessoa errada, eles são capazes de trocar olhares, de revelar um pouco da sua cumplicidade. É que no fundo, há mais sentimento do que eles pensam e mais vontade do que eles admitem.