Acabo por achar que vivo as coisas sem ter a certeza que as vivi, tal como quem escreve e nunca leu para ter a certeza se era verdade. E depois penso no sentido das coisas, que talvez seja uma questão de percepção, nada de filosofias mas de uma acção que se faz sozinha. Bem, no fim, é tudo opção. E eu tive tempo de tomar uma decisão. Sempre podia ligar-te e explodir, dizer o quanto te odeio por fazeres o que fazes. Ou então podia esperar um reencontro e descarregar tudo sobre ti. Mas seriam palavras sem volta, actos pelo qual me podia arrepender. Mas amanhã é outro dia e eu vou virar a página. Vai ser outro capítulo da minha história, no qual eu quero mudar as personagens. Quero te tirar o papel principal, quero que deixes de ser a personagem importante da minha vida e te tornes num simples figurante. Porque como figurante, eu sei que não me voltas a tentar derrotar-me com as tuas tentativas frustradas como neste último capítulo de uma história, sem início concreto. A partir de agora sou eu que escrevo o guião, sou eu que construo a história da minha vida. Vou delinear todos os teus passos, e desviar-te de todas as minhas cenas. É como voltar a ser a estrela de cada capítulo e voltar a brilhar com toda a força, demonstrando um sorriso de felicidade. É para esquecer todos os sorrisos encenados e criar novamente um verdadeiro, porque afinal de contas, foste só mais um actor na minha vida; alguém que soube encenar e fingir que tudo poderia correr bem e que estarias presente como o melhor de todos. Mas enganei-me, vou te retirar de cena e recomeçar um novo capítulo. Vou em busca de algo novo, de uma nova realidade, de novas personagens e de novas cenas de alegria.